Os Desafios da comunicação no Autismo

Muitas crianças com atraso de desenvolvimento estão dentro do quadro do que os especialistas chamam de TEA - Transtornos do Espectro Autista. Existe uma variação muito grande de sintomas e graus de comprometimento – na prática, o grau tem a ver com a autonomia da criança: quanto mais autônoma em suas tarefas diárias, menor será o seu comprometimento. Por isso, segundo a nova classificação do “Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição” ou “DSM-V” teremos o Autismo Leve, Moderado e Grave. O DSM é um manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais e é muito usado por psicólogos, fonoaudiólogos, médicos e terapeutas ocupacionais, inclusive no Brasil.
Independente da classificação, os problemas de comunicação e linguagem são comuns, mesmo nas crianças que não apresentem atrasos de fala num primeiro momento. Isso porque o Autismo pode se apresentar em qualquer idade, sendo mais comum em bebês desde o início ou, por volta dos 2 anos, com uma regressão quase total das habilidades adquiridas até então pela criança. Por se tratar de um transtorno complexo e comumente associado a outras comorbidades, o diagnóstico precoce, apesar de difícil, é fundamental para que a criança comece as intervenções multidisciplinares e tenha uma melhora significativa do quadro. Não há cura, mas dependendo do grau de comprometimento e as possibilidades de tratamento ao alcance da família, será notável uma progressão no desenvolvimento sendo possível uma vida com limitações, porém muito próxima da “normalidade”.
Quanto a aquisição da fala e da linguagem num aspecto geral, é preciso entender que falar não é, necessariamente se comunicar. O contexto de comunicação referido nesses casos é buscar que a criança se comunique com eficiência, se faça entender e possa participar ativamente do seu núcleo social, como família, escola, amigos. Se a criança não consegue elaborar suas frases de maneira ordenada e lógica, será muito complicado que ela seja inserida em qualquer contexto de grupo, sendo o isolamento uma constante para essas crianças.
O desafio da fonoaudiologia é conseguir estabelecer um vínculo com essa criança para que, por meio de atividades lúdicas, consiga aplicar técnicas que a ajudarão nessa caminhada. As ferramentas são muitas e diversas, e apesar da necessidade de um atendimento multidisciplinar, a fonoaudiologia é fundamental, porque representará uma porta de entrada para um universo cheio de possibilidades: fala, linguagem, raciocínio lógico-matemático, entonação de voz, compreensão de grupo, interação social, etc.
Para essas famílias que estão perdidas, a fonoaudiologia é o primeiro passo pós diagnóstico e representa um alento, uma perspectiva de um futuro mais esperançoso."

Cyntia Grahl Borges
(Mãe de Autista)

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